De bem com a vida e revisitando sua carreira após 19 anos de Fórmula 1,Rubens Barrichello deu uma entrevista franca e reveladora ao Esporte Espetacular, no último domingo, sobre as alegrias e tristezas vividas nas pistas. No apartamento em que guarda muitos de seus troféus, o piloto também ostenta uma diversificada coleção de capacetes em sua sala de estar. Coleção esta que ele apresentou a Tande, ao abrir as portas de sua casa para os telespectadores do programa.
Entre modelos usados por ele próprio desde os tempos do kart, há também aqueles que foram presenteados por colegas das pistas, como Tony Kanaan, Dario Franchitti e Marco Andretti, da Fórmula Indy, além de Fernando Alonso, Michael Schumacher, Jenson Button, Jarno Trulli, Mark Webber e Sebastian Vettel, da Fórmula 1. O atual tricampeão mundial, que tem o costume de guardar todos os seus capacetes, deu seu “casco” a Barrichello após vencer uma corrida na China.
Ele nunca tinha feito isso, de trocar, porque ele para de usar os capacetes com os quais ganha corrida, já que depois ele muda a pintura. Até é um estilo diferente, as pessoas tendem a não reconhecê-lo pelo capacete, pois ele vai sempre mudando. Mas um que muita gente me pergunta é o do Schumacher. Não importa, o cara é um dos melhores pilotos da história, merece estar por aqui, junto dos meus capacetes – explica Barrichello.
Recordista de participações na Fórmula 1, com 325 corridas disputadas, Rubinho confessa que, aos 40 anos, não se enxerga mais na categoria. Embora brinque dizendo que voltaria caso fosse chamado, ele admite que não se preparou para uma despedida. Mas revela: na prova que encerrou a temporada 2011, sentiu que poderia estar dando adeus ao “circo” e recolheu autógrafos de todos os companheiros de grid em um capacete seu, alegando que a renda obtida com seu leilão seria destinada ao IBK, entidade filantrópica que mantém em sociedade com seu amigo de infância e também piloto, Tony Kanaan.
- Esse aqui, na minha última corrida de Formula 1 eu peguei a assinatura de todos. Todos, cara. Eu quis mesmo. Comecei falando que era para o instituto, porque isso aqui deve ter um valor muito grande. Mas eu preferi dar a grana para o instituto e manter essa memória da ultima corrida, com todas as assinaturas. Só que eu não achei que era minha última corrida. Faltou uma despedida. Minha fase na F-1 já passou, mas se alguém tiver uma dor de barriga ali no grid eu pego na hora. Pelo prazer e pela paixão – afirma, sorridente.
Relação de admiração com Ayrton Senna
Fã declarado de Ayrton Senna e ajudado pelo tricampeão mundial no começo da carreira, Rubinho possui um capacete que é uma réplica da primeira pintura usada por Senna, da época em que ainda era um jovem kartista. O desenho – criado pelo lendário designer Sid Mosca, que morreu em 2011 – foi reproduzido em uma série limitada, pintada pelo próprio artista.
- O Sid era um grande pintor e fez todos os meus capacetes. Eu me lembro, aos 4 anos de idade na arquibancada do kartódromo de interlagos, uma corrida do Ayrton aonde ele estava com esse capacete. É um “troféu” que eu tenho em casa, que é uma bela de uma memória.
Mas esta não é a única recordação de Senna que Barrichello guarda em sua casa. O piloto de 40 anos tem um capacete que foi feito sob medida para o tricampeão, porém jamais usado pelo competidor. Isso porque Senna acabou renovando com a fornecedora que já fazia seus “cascos” na Fórmula 1, deixando os modelos criados pela outra fábrica, que fazia os de Barrichello, intactos. Isso até Rubinho descobrir a existência deles.
- Eu fui até o Japão pra conhecer a fábrica que fornecia para mim e aí tinha dois capacetes desses. Eles me falaram que fizeram para o Ayrton, mas infelizmente ele optou por outra companhia e não correu com esses. Mas só pelo fato de ter sido feito para ele, e os japoneses tinham um carinho tão grande por ele, eu pedi pra mim, porque tem uma energia japonesa muito forte. O cara que pintou isso fez pra ele. É um pedacinho dele que eu guardei pra mim – conta Barrichello.
Fé e família em alta velocidade
Entre os muitos capacetes que usou ao longo de mais de três décadas nas pistas, do kart à Stock Car, Barrichello coloca alguns em desataque. Um deles carrega uma reprodução da tatuagem que ele fez há alguns anos no braço direito – uma alusão aos filhos e também à sua dedicação ao mundo da velocidade.
- É o F de Fernando e o E de Eduardo, que são meus filhos. E quando eu fui fazer a tatuagem, queria que ela tivesse um sentido que pudesse me lembrar não somente os meus filhos. O cara falou: “isso é muito fácil, põe um acento aí e fica FÉ. Você tem fé?” Pô, é o que eu mais tenho. Eu tive muito orgulho de colocar isso no braço – frisa.
O próximo desafio de Barrichello nas pistas está previsto para o dia 28 de abril, durante a terceira etapa da temporada 2013 da Stock Car. Mais uma oportunidade para o piloto acelerar com fé rumo ao seu primeiro pódio na maior categoria do automobilismo brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário