sexta-feira, 8 de novembro de 2013

HISTORIA


'Simply the Best': há 20 anos, Ayrton Senna




 conquistava sua última vitória

No ano do tetracampeonato de Alain Prost, brasileiro encerrou a temporada com vitória pela McLaren e fez as pazes com o francês, seu maior rival em toda a carreira

ayrton senna mclaren bandeira brasil (Foto: Divulgação)Ayrton Senna comemorou sua última vitória com o tradicional gesto: agitando a bandeira do Brasil (Foto: Divulgação)
Depois de anos de intrigas, farpas, batidas e desavenças, o clima entre Ayrton Sennae Alain Prost estava bem mais leve naquele fim de semana. Afinal, quando o circo da Fórmula 1 tomou conta das ruas de Adelaide em novembro de 1993, o sentimento de despedida transcendia o fato de que o GP da Austrália encerrava a temporada. Havia mais significado histórico naquela corrida do que em muitas outras. O título já havia sido liquidado em favor do francês com duas rodadas de antecedência, na etapa de Portugal – a mesma onde ele anunciou que se aposentaria ao fim do ano. Quase que simultaneamente, a Williams confirmava o que todos já esperavam: Senna seria seu substituto para 1994.
Muitos consideram 1993 a melhor temporada do tricampeão, que competia com uma McLarentecnicamente inferior às Williams de Prost e Damon Hill e, em muitas oportunidades, atrás até da Benetton de Michael Schumacher. Mesmo assim, o ano foi marcado por momentos antológicos, como a maior primeira volta da história, em Donington park, e a sexta vitória de Senna em Monte Carlo, dia em que ele virou o “Rei de Mônaco”.
Ayrton Senna - GP de Mônaco de 1993 (Foto: Getty Images)Vice-campeão, brasileiro fez uma grande temporada em 1993, incluindo a sexta vitória em Mônaco (Foto: Getty Images)
Depois que o campeonato foi decidido, o brasileiro passou a competir mais relaxado, já vislumbrando a temporada seguinte. Chegou à Austrália com o moral alto, diante das boas atuações ao longo do ano e da vitória no GP anterior, no Japão. Mas Senna queria mais. Era sua despedida da McLaren, equipe que defendera por seis anos e pela qual conquistara seus três títulos mundiais. Se o desejo de Prost era sair “por cima”, competitivo e com o título no bolso, o do brasileiro se resumia a uma palavra: vencer.
Senna marcou a pole, sua única do ano, largando exatamente ao lado do francês. Ao longo das 79 voltas, o brasileiro bem que tentou, mas não conseguiu abrir muita vantagem sobre o tetracampeão.Da mesma forma, não foi incomodado por ele em momento algum. Prost, por sua vez, precisou se esforçar para segurar um inspirado companheiro de equipe. Só teve sossego quando Damon Hill, numa tentativa de ultrapassá-lo, rodou na 55ª passagem. Mesmo assim, o inglês manteve a terceira posição até o fim da prova.
Alain Prost, 1993 (Foto: Getty Images)A bordo da Williams, Alain Prost faturou o quarto título mundial e anunciou sua aposentadoria (Foto: Getty Images)

Reaproximação com o velho rival
A bandeira quadriculada, agitada com estilo pelo diretor de prova, selou o resultado. Senna alcançava, naquele instante, sua 41ª e derradeira vitória na categoria, a 35ª ao volante de uma McLaren, com Alain Prost em segundo. Ainda no parque fechado, o último encontro destes dois gênios na condição de pilotos de Fórmula 1 começou a se desenhar. Senna estendeu a mão e cumprimentou o velho rival, consciente do quanto um havia sido importante para a carreira do outro. Um típico caso de rivalidade que tirou o máximo – ou até mais, em alguns casos – de ambos os lados. 
Alain Prost Ayrton Senna pódio GP da Austrália de Fórmula 1993 (Foto: Agência Getty Images)Eternos rivais, Prost e Senna demostraram cordialidade no pódio daquele GP da Austrália (Foto: Getty Images)
No pódio, por duas vezes, o brasileiro ergueu o braço do francês, puxando-o junto consigo para o alto do pódio. Uma imagem que simbolizava uma reaproximação desejada por ambos, e que foi confirmada no ano seguinte, durante o fim de semana negro de Imola, no qual Rubens Barrichello se acidentou gravemente na sexta-feira e o Roland Ratzenberger morreu no treino de sábado. Enquanto realizava uma gravação para a TV francesa, narrando uma volta do treino livre de dentro do carro, Ayrton mandou um recado ao ex-piloto, que estava na cabine na condição de comentarista. 
- Um alô especial para um velho amigo: estamos sentindo sua falta aqui, Alain – comentou, emocionando o tetracampeão mundial. 
Pouco depois disso, veio o acidente fatal na curva Tamburello e Senna entrou definitivamente para a história e virou o mito que todos admiram até os dias de hoje. E os encontros e desencontros com Alain Prost pelas pistas do planeta ficaram na memória de todos os que acompanharam seus duelos. Momentos que, certamente, o francês jamais esquecerá.
Ayrton Senna McLaren 1993 (Foto: Agência Getty Images)No cockpit da McLaren vermelha e branca, Senna conquistou 35 de suas 41 vitórias na F-1 (Foto: Getty Images)
Como se tornou inesquecível, também, a festa por aquela vitória na Austrália. Durante o show de Tina Turner, que comemorava o encerramento da temporada em Adelaide, a cantora chamou o brasileiro ao palco. E dedicou a Senna a canção “Simply the Best”. Ao público presente, nem parecia que o título de 1993 havia ficado com Prost. Todos ali pareciam concordar que Senna era simplesmente o melhor
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